quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
Hoje foi, de fato, o 1º dia de aula desta disciplina citada no título desta postagem (devido à longa greve dos servidores publicos da Ufba). Como já havíamos tido um encontro anterior, a professora passou uns trechos do livro de Carlos Paris, "O animal Cultural".
Li e reli o texto com o qual fiquei e socializei hoje em sala.
O autor trata do "Ser expósito" (nossa... pensei à priori... que zorra é essa???) é o ser "exposto", posto pra fora (do ventre materno) e lançado ao mundo. "expor-se" "enfrentar o risco que faz parte de nossa condição e assumí-la" (PARIS, 2002).
Mas o expósito ao qual o autor se refere não é de ser abandonado e sim, recolhido: "Recolhido por mãos protetoras de pastores, de mulheres, de seres que custodiam a vida" (PARIS,2002 - pag. 396).
Nesse contexto, o autor trata de "Etosfera". Ele fala de "ultero cultural" e então pensei... será que é porque ele considera o útero materno o "biológico" e em si tratando de sociedade (a qual o indivíduo é exposto) ele será "moldado" ? Acho que é mais ou menos isso, Pois Paris fala que a "Etosfera" é um grande universo onde se enquadram as normas, costumes, ou seja, todo o legado histórico-cultural que existe. Afinal, o indivíduo ao nascer não poderia ser "exposto" no vácuo, né? Ele é "lançado" em uma "cadeia" de processos já existentes, e não no vazio, assim chamada de Etosfera.
Achei interessante que o autor fala que esse 'universo' não só o protege como marca sua personalidade. O processo de "encultaração" faz com que o bebezinho, desde o útero da mãe, já venha ao mundo para receber a transmição dos valores, das estruturas sociais, das relações de classe e sexo, etc...
Mas não achemos que a enculturação é generalizada e idealizada. O autor traz a metáfora o "Berço" e a "Teia de aranha" para nos ilustrar isso... o berço está alí, para afagar o bebê, para lhe acolher e favorecer o desenvolvimento da criança, mas por outro lado, se tece uma teia de aranha (pelos interesses do poder) a qual o indivíduo fica preso, e é dessa forma que ele se torna "mais um", uma força de trabalho explorada, no caso da mulher uma simples reprodutora, e a sociedade vai moldando, que quando nada você é, pelo menos, um mero consumidor.
E por falar em exploração da mulher... biologicamente ela já é o "centro" reprodutor que existe no reino animal. No nosso contexto de seres "pensantes", além disso, ela traz culturalmente uma carga discriminatória que além de reproduzir, é vista como como objeto do prazer masculino, trabalho doméstico e as vezes, duplas, triplas, jornadas de trabalho. O fato de biologicamente a mulher não ter a mesma estrutura física do homem, além dos fatores ligados à maternidade, fez com que ela sempre estivesse em situações inferiores ao longo da história, marginalizando-a em relação à vida pública e à cultura.
"... atribuindo ao homem, convenientemente, os valores de maior eficácia opressiva, e à mulher, aqueles que asseguram a submissão." (PARIS, 2002 - pag. 398)
"Tal é a sociedade em que o ser humano, menino, menina, é atirado para, ultrapassando o biológico, desenvolver sua humanidade, vigiado, não obstante, para que esta não trascenda os limites do desenvolvimento e da planificação que atentam contra os poderes estabelecidos" (PARIS, 2002 - pag. 399)
Ou seja, não importa quem nasce, menino ou menina. Ele ultrapassa o biol´gico, desenvolve suas atividades de acordo com sua "escolhas" e etc, mas é o tempo todo vigiado pela sociedade, pela etosfera, pela tecnosfera e por isso ele não ultrapassa, não transcende os limites que o plano máximo determina ao seu desenvolvimento, pelos poderes estabelecidos.
Como mudar isso? o autor trata de uma "Antropologia Filosófica" autêntica, realista, crítica (temos que deixar de ser analfabetos críticos, como disse um colega na sala). Fazer luta de classes, de povos, das mulheres, tudo isso para a conquista DO HUMANO.
Por último, gostaria de destacar o último trecho deste texto que li, que serve como reflexão:
"Que formas adotarão essas vibrações tão íntimas do ser humano numa sociedade nova, erguida ao nível de nossas possibilidades, se formos capazes de construí-la? Só o futuro pode responder. Mas o ideal, a insatisfação, o projeto e o esforço diante do desafio de vivê-la hão de estar entre nós" (PARIS, 2002 - pag. 401)
PARIS, Carlos. O Animal Cultura. Ed. Edfscar. 2002.
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Um comentário:
Adorei sua rezenha, me ajudou muito. Parabéns pelo Blog. Parece-me abandonado...
Bjssss
Stelamaris
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