quarta-feira, 4 de agosto de 2010

tempos outros...


"São tempos difíceis para os sonhadores"

Amèlie Poulain


domingo, 25 de abril de 2010

Viver não é melhor que sonhar... as vezes



Elis Regina, na música "Como nossos pais" dizia que viver é melhor que sonhar...

Olha, atualmente eu não venho acreditando nisso não. Ná época em que essa música foi composta, que fosse. Com tanta repressão, tanta ditadura, tanto enforcamento de tentativa de expressão de sentimentos... que... nossa! Sentimento é uma coisa muito sua, intimista (e aí eu lembro da Clarice Lispector com sua Macabeazinha) e na época da composição dessa música, nem sentir era permitido! Afinal, como que a gente pode sentir algo, se não pode expressar de uma forma mínima que seja? Pois bem, então na época da Elis, viver a realidade 'nepótica' era melhor que sonhar com uma sociedade livre mesmo. Hoje eu ja acho que sonhar continua sendo melhor as vezes. Ou não né... viver as vezes é bem complicado, mas é real. Sonhar, apesar de ser um ato livre, desprendioso, não é real. Pode vir a ser, se puder se concretizar, se a gente tiver muita sorte e empenho, quando depende diretamente de nós.


Mas eu me questiono que liberdade é essa que nós temos hoje, sabe... tudo o que você faz é julgado, e o que você não faz (que hilário) é também.


Você é (para a sociedade) aquilo que percebem de você. As relações com a sua pessoa são pautadas nesses julgamentos e na forma como lhe veem, ou seja, na forma como dizem que você é. A gente estuda tanta psicologia para entender grupos, relações, papeis atribuídos (e que as vezes sem sentir, assumidos) que o "feitiço parece virar-se contra o feiticeiro. De forma mais simples, você estuda para intervir em grupos e ser um consultor de uma determinada situação organizacional, e não é que você próprio, em seu meio social, teve um papel atribuído e não percebeu? É, aconteceu comigo. A diferença é que eu não assumi esse papel. Para quem me atribui, estava confiante que sim, por causa do distanciamento.


Mas olha a fantasia que um distanciamento prolongado pode brotar nas cabecinhas alheias cheias de imaginação. é, eu era o próprio "bode expiatório" da teoria do vínculo de Pichón Rivière, que traz que o bode expiatório é o "depositário de todas as dificuldades do grupo e é culpado por cada um dos seus fracassos". São expectativas que os outros criam sobre nosso comportamento, que quando frustradas, levam a julgamentos. E quando nós assumimos as expectativas do outro como sendo o que vai nortear nossa conduta, estamos assumindo o papel atribuído. Essa " Teoria dos papeis" me fez compreender tudo o que estava acontecendo em um determinado grupo de "amigos" com relação à minha pessoa.


Engraçado que esse entendimento meu aconteceu ontem, depois de umas falas de um desses integrantes deste grupo, com acusações e tentativa de obtenção de uma confirmação destas, da minha parte. Eu nem imaginava que por traz de um longo distanciamento eu ja fosse dona de um papel atribuído, de tanta falácia, de tanta fantasia...


Mas enfim, no fundo, não fiquei chateada com esse grupo por fazer essas elacubrações mentais com relação a mim, acho que não preciso nem justificar porque, né? Fiquei triste com o amigo que foi, nesse caso, o "Lider de mudança", ou segundo a mesma teoria que me 'metralhou' (pausa pra uma comediazinha rsrsrrs), seria ao meu ver (e de Pichón) o "Porta voz" deste grupo. Triste porque é alguém significante para mim e Hernani, e saber que ele, que sempre tentou buscar a versão dos fatos, a explicação das pessoas, etc etc, comprou a preço baratinho do estereótipo que fizeram de mim e saiu espalhando o troco também. Mas eu compreendo essa atitude dele, não que eu aceite. Mas eu compreendo numa boa. Sempre um grupo quando se junta, tende a apontar aqueles que estão mais distantes, e se nesse caso, quem tava distante era quem mais precisava de uma companhia sincera (H), ah.. isso não interessava a ninguém. O que interessava é metralhar a pessoa (V), que por traz estava enfrentando uma nova fase e se dividindo em várias para conseguir suprir a ausência dos que julgavam à distância.


O interessante, é que essas mesmas pessoas que hoje me atribuem esse papel, em outro momento também foram metralhados de julgamentos e formação de estereótipo, e não é nada confortável isso. Mas como um deles disse, que quando ele foi o alvo, ele sabia o que estava fazendo e a intenção dele e a de quem estava com ele era inteiramente sabida, pensada, decidiu transportar a citação de I&M para V&H. Acontece que não somente os personagens são outros., A história também é completamente diferente.


Pra finalizar eu só queria dizer que acho que até sei porque começou isso tudo comigo. Eu tenho um péssimo defeito de falar coisas que pra mim, são simples junções de palavras querendo transmitir uma mensagem, e para o outro é uma mega ultra significação enoooorme. Aí o que acontece: as pessoas acham que nessas horas, desses dizeres malditos, eu tenho intensões obscuras por traz. E até mesmo quero tirar pirulito da boca de criança ou separar casais apaixonados!


Nossa, isso eu também descobri sexta, no mesmo dia que eu descobri que era o bode expiatório desse grupo. E só descobri porque uma pessoa quis saber de mim: "Qual é a sua afinal?" Pô, é massa quando deixam a gente falar e muito mais massa ainda quando falam pra gente o que sentem sobre a gente, ao invés de só ficar no campo da criação do monstro Verônica.


De certo que da forma como entendi essa ação minha de dizer algumas coisas sem pensar em como chegará no ouvido do outro, eu saí do meu corpo e vi pessoa que ele dizia... descobri que se tratava de uma pessoa bem chata de conviver, viu? É... porque as pessoas falam as coisas intencionalmente só por traz, nada é dito na cara e elas são legais assim. E Verônica solta cada uma mal intencionada na cara... que criatura chata! Vamos isola-la.


Ok... prometo ponderar mais o que eu digo. E prometo também pensar em tudo tudo antes de falar. Hum... de agora em diante eu já estarei pensando, e não falarei. Ah ta... esse é o movimento. acho que não devemos ser sinceros demais. Ninguém pediu sua opinião sincera. Guarde-a pra vc. Em algum momento, você estará por traz da pessoa na qual vc pensou as coisas. Aí nesse momento você fala para os outros o que pensa daquela outra. Acho que é assim que funciona. Ser missa de corpo presente no que sente pelo outro não é legal. É bom não só ser simpático, mas calar-se muito e não expor opinião. Quem muito se cala, pouco aparece e como dizia minha vó "boca fechada não entra mosquito". Então tá, espanto todos os insetinhos e digo a eles que procurem outro aeroporto pra pousar, pois esse aqui está fechado.


Não tô sendo ironica não. Tô falando bem sério mesmo. Não tô dizendo que as pessoas são falas e eu sou verdadeira. Pq vai que alguém leia isso e pense assim, né? Xi... aí eu serei bode espiatório pra sempre rsrsrs! E não digo que vou passar a ser assim porque tenho que ser como as pessoas querem que eu seja, tenho que me preocupar com a opinião alheia.


Não... vou mudar porque acho que é dessa forma que tem que ser. Algo para lidar com a vida mesmo. Acho que surgirão menos melindres, menos expectativas, menos conflitos e menos expressões desgradáveis para o outro.


E calar-se... nossa, eu ja venho fazendo exercício de uns anos pra cá. Mas vejo que ainda preciso mai..


Não, mas é sério...guardar pra si 90% das coisas não faz a ninguém. Os 10% que resta a gente vai gastando falando só do que interessa para o outro. Aí todos se gostam e a gente vive bem. É, deve ser assim. Vou tentar. Precisava falar tudo isso. Falo pro mundo, ja que não poderia falar pra quem eu gostaria. Se fizesse isso, estaria mais uma vez correndo o risco de ser sincera demais e metralhar-me. Chega de tiros, Abaixem as armas, a guerra acabou.


Verônica